Autoral
São Paulo
Gani-Lubavitch
Pediram ao mais ateu dos judeus que fotografasse o calendário de uma escola ortodoxa. Se Deus existe, com certeza escreve por linhas bem tortas. Aceitei. Afinal, a curiosidade era a de um mundo desconhecido.
Para alguém que cresceu com Freud como religião, entrar naquele universo era algo tão distante quanto fascinante.
Lembro das crianças me perguntando se era judeu. Uma pergunta quase unanime, um passaporte para adentrar aquele universo. Ou simplesmente a necessidade de tentar me inserir naquele contexto. Não sei.
Perguntava aos meninos e meninas o que queriam ser quando crescessem. A esmagadora maioria dos meninos queria ser rabino. As meninas me diziam que iriam estudar e depois se casariam.
Uma delas, entretanto, me disse que queria ser ginasta olímpica. Me identifiquei de pronto com aquela pequena ovelha negra.
O que me surpreendeu, no final das contas, é que, apesar de toda a religiosidade que permeava aquela escola, aquelas crianças não eram diferentes de quaisquer outras.
I, practically speaking an atheist, was asked to photograph the calendar of an orthodox Jewish school. If God does exist, he definitely works in mysterious ways. I accepted the invitation. Even though I’m a Jew, I was most curious about this alien world.
For someone who grew up with Freud as his religion, entering that universe was something as distant as it was fascinating.
I remember the kids asking me whether I was Jewish or not. An almost unanimous question, like a passport into that world. Or maybe an attempt to try to place me in it. I don’t know.
I would often the kids what they wanted to be when they grew old. The striking majority of the boys wanted to be a rabbi. The girls most often told me they would study and then get married.
This little girl, though, told me she wanted to be an Olympic gymnast. Gotta love the little black sheep.
I guess what surprised was the obvious conclusion that, despite all the religiousness of that place, the kids were just like any other kids.